Argentina e Chile

Durante muitos séculos a Patagônia foi considerada um dos lugares mais remotos do planeta. Uma terra mítica e exótica, habitada por gigantes de costumes curiosos. Para chegar até a Patagônia era preciso cruzar um dos mares mais perigosos do Planeta.

Há muitos anos, diversos navegantes pensaram ter chegado ao portal da Terra Australis Incógnita, legendário continente situado no extremo sul do globo terrestre.

A condição de terra longínqua se preserva de forma intacta, tal como há 500 anos, e a Patagônia continua sendo um território agreste e desconhecido.

Em 1520, liderando a primeira expedição ocidental ao sul da América Latina, Fernando de Magalhães descobriu uma passagem natural que conectava os oceanos Atlântico e Pacífico. Desde então e até os princípios do século XX, o Estreito de Magalhães - batizado em homenagem ao seu descobridor – se tornou a rota mais importante entre os dois maiores oceanos da Terra (até abrirem o canal do Panamá).

A excepcional adaptação e resistência ao clima conquistada por tribos indígenas sucumbiram durante o século XIX frente às atividades econômicas e as doenças introduzidas pelo homem branco.

Durante o século XX, os povos originários – senhores destes mares e terras durante anos – desapareceram no mais absoluto silêncio. Em 1966, com aproximadamente 90 anos, morreu Lola Kiepja, a última xamã sélknam que viveu integramente fiel à sua cultura ancestral.

Impulsionada pela demanda de lã da indústria têxtil britânica no final do século XIX, a economia da Patagônia se concentrou na atividade pecuária, especialmente ovina. Nos extensos vales verdes dos pampas, foram erguidas grandes propriedades agropecuárias ou estâncias e muitas permanecem até os dias de hoje. (a cidade de Ushuaia é uma Zona Franca tal como Manaus. Diversos produtos são isentos de impostos e as roupas são geralmente baratas e de qualidade!).

Buscando uma rota alternativa para estabelecer o comércio com o Oriente, devido ao domínio espanhol no Estreito de Magalhães, em 1616, o comerciante e explorador holandês Jacob Le Maire descobre o Cabo de Hornos: o ponto mais ao sul da Terra do Fogo.

Com o tempo, as ondas, os ventos extremos e as tempestades recorrentes nessa passagem, fizeram dela uma prova de fogo para os mais hábeis navegadores do mundo.

No ano de 1937, no porto francês de Saint Malo, foi fundada a primeira Confraria de Capitães Cap Horniers.

Essa associação reunia um seleto grupo de navegadores, que dispunham de mais coragem do que de tecnologia, e compartilhavam a façanha de ter cruzado o Cabo de Hornos com o impulso, apenas, dos fortes ventos da região.

O espírito de Saint Malo e sua celebração à lealdade, valentia, determinação e dom de liderança, logo se propagou pelo Chile, Austrália, Finlândia, Inglaterra, Nova Zelândia, Noruega e Holanda.